O STF proveu o recurso e, com base no mais recente entendimento quanto à questão
Após
declarar que a aposentadoria não extingue o contrato de trabalho, a
Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou o Hospital
Cristo Redentor S/A a pagar multa de 40% sobre o FGTS e demais verbas
rescisórias, a ex-empregada que continuou trabalhando mesmo após a
aposentadoria, e acabou sendo demitida sem justa causa.
Em dezembro de 2004, ainda na vigência da
Orientação Jurisprudencial 177, a Terceira Turma do TST negou provimento
a agravo de instrumento da trabalhadora que discutia o direito à multa
sobre o FGTS que não havia sido reconhecido pela Justiça do Trabalho.
Ela recorreu até o Supremo Tribunal Federal,
por meio de recurso extraordinário. O STF proveu o recurso e, com base
no mais recente entendimento quanto à questão, determinou que fosse
realizado novo julgamento no TST, partindo da premissa de que a
aposentadoria não extingue o contrato de trabalho.
O processo retornou este ano ao TST e a
Terceira Turma, então, deu provimento ao agravo de instrumento da
trabalhadora para processar o recurso de revista, ao qual também deu
provimento, com base na orientação do STF. O novo julgamento foi
resultado da mudança ocorrida no entendimento a respeito dos efeitos da
aposentadoria espontânea no contrato de trabalho quando o empregado
permanece trabalhando para o mesmo empregador após a concessão do
benefício previdenciário.
Alterações
Sobre a mudança, o relator do recurso de revista na Terceira
Turma, ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte (foto), explicou que o
tema relativo à aposentadoria espontânea "revelou-se controvertido,
principalmente em decorrência de sucessivas alterações do direito
positivo".
De acordo com a já cancelada Orientação Jurisprudencial nº 177,
da SDI-1, de 8/11/2000, a aposentadoria espontânea extinguia o contrato
de trabalho, mesmo quando o empregado continuasse a trabalhar na empresa
após a concessão do benefício previdenciário. Com isso, era indevida a
multa de 40% do FGTS em relação ao período anterior à aposentadoria.
Essa OJ, porém, foi cancelada pelo TST em 25/10/2006, em face de
decisões do STF, no julgamento das Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADI) 1.770 e 1.721. A Suprema Corte considerou
inconstitucionais os parágrafos 1º e 2º do artigo 453 da CLT. O relator
da ADI 1.721, ministro Carlos Ayres Brito (hoje aposentado), interpretou
o próprio caput do artigo 453 da CLT, afastando possível entendimento
de que ali conteria a automática extinção do vínculo de emprego pela
ocorrência da aposentadoria voluntária.
O TST então editou a Orientação Jurisprudencial 361 da SDI-1,
publicada em 2/5/2008. A partir daí, o entendimento quanto ao assunto é
que "a aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de
trabalho se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a
jubilação".
Assim, ao ser dispensado imotivadamente, o empregado tem direito à
multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados durante
o pacto de trabalho. Como consequência, o processo da empregada do
Hospital Cristo Redentor foi julgado na Terceira Turma, desta vez, já
seguindo o entendimento atualizado em relação ao tema. Após a nova
decisão, o hospital não recorreu da condenação.
Processo: RR - 50341-10.1999.5.04.0008
Fonte: TST
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