sábado, 5 de abril de 2014

Adicional de periculosidade incide sobre gratificação Maria Rosa prevista em norma coletiva dos empregados da Cemig

O Juízo de 1º Grau julgou parcialmente procedentes os pedidos e concedeu ao reclamante as repercussões do adicional de periculosidade em diversas parcelas.
 
Entre os direitos dos trabalhadores está o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho, disposto no inciso XXVI do artigo 7º da Constituição Federal. Por essa razão, os instrumentos de negociação coletiva devem ser respeitados em seus exatos termos, sob pena de ir contra a vontade coletiva e ofender o que dispõe a norma constitucional. Foi esse o entendimento expresso no voto da desembargadora Emília Facchini e, com base nele, a 3ª Turma do TRT-MG negou provimento ao recurso das reclamadas e manteve a decisão de 1º Grau que as condenou, solidariamente, a pagar ao reclamante as repercussões do adicional de periculosidade nas horas extras pagas, nas férias acrescidas de 1/3, nos depósitos do FGTS, nos 13ºs salários, na gratificação especial "Maria Rosa" e nas parcelas de Participação nos Lucros e Resultados.

Na petição inicial o reclamante informou que, durante todo o contrato de trabalho, recebeu o adicional de periculosidade sobre o salário base, e não sobre o montante das verbas salariais. Por isso, requereu o pagamento de diferenças de adicional de periculosidade e respectivos reflexos. O Juízo de 1º Grau julgou parcialmente procedentes os pedidos e concedeu ao reclamante as repercussões do adicional de periculosidade em diversas parcelas. Contra o que recorreram as rés, pedindo a exclusão dos reflexos reconhecidos, especialmente sobre a gratificação especial "Maria Rosa", e nas parcelas de Participação nos Lucros e Resultados, por possuírem, segundo alegaram, natureza indenizatória.

Em seu voto, a relatora destacou que as fichas financeiras apresentadas pelas próprias reclamadas indicam o pagamento de todas as parcelas compreendidas na condenação. Dessa forma, como houve deferimento de diferenças do adicional de periculosidade durante todo o período não prescrito do contrato de trabalho, o pagamento dos reflexos é consequência lógica.

A magistrada frisou que a apuração da gratificação especial "Maria Rosa" é definida pelas normas coletivas celebradas pelas reclamadas, pelo equivalente a 16,67% do salário do empregado, que compreende, entre outras parcelas, o adicional de periculosidade, nos termos do Acordo Coletivo do Trabalho da Categoria. Destacou a relatora que os instrumentos de negociação coletiva devem ser respeitados nos seus exatos termos, para que o inciso XXVI do artigo 7º da Constituição Federal não seja ofendido.

No entender da julgadora, embora a parcela Participação nos Lucros e Resultados tenha natureza jurídica indenizatória, foi instituída em determinados períodos para pagamento sobre a remuneração do trabalhador, como ajustado no ano de 2007, já havendo restrição na sentença das repercussões para os pagamentos assim realizados.

Assim, por todos esses fundamentos, a Turma negou provimento ao recurso das reclamadas.

 

Fonte: TRT-MG

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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Jornalista não será indenizado por não ser registrado como editor no expediente de jornal

O jornalista contou que a empresa deixou de registrá-lo como editor em cerca de 180 edições do Jornal Agora


A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento ao recurso de um jornalista (subeditor) da S. A. Estado de Minas que pretendia receber indenização por dano moral, em decorrência de a empresa não tê-lo registrado no expediente do jornal como editor substituto.
O jornalista contou que a empresa deixou de registrá-lo como editor em cerca de 180 edições do Jornal Agora, causando-lhe constrangimento inerente ao direito autoral e econômico, em razão de continuar auferindo salário de subeditor. Mas para o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), essas alegações não afrontavam seus direitos autorais nem geravam dano moral, porque ele desempenhava a função de editor apenas na qualidade de substituto.  
Segundo o ministro Fernando Eizo Ono, relator que examinou o recurso do jornalista no TST, se ele era editor substituto em exercício, e não titular, como alegou, "torna-se sem gravidade o fato de ter sido identificado como subeditor nas publicações do jornal, pois não deixou de sê-lo, tendo ocupado a função de editor apenas interinamente".
O relator afirmou que a falta de detalhamento quanto à função que o jornalista exercia momentaneamente no jornal "não foi capaz de atingir sua imagem de forma significativa", o que não autoriza o direito à percepção de indenização por dano moral nem à divulgação de errata para esclarecer ao público que ele atuou como editor do jornal.        
                      

Fonte: TST

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segunda-feira, 31 de março de 2014

GESTANTE - CONTRATO DE TRABALHO - PEDIDO DE DEMISSÃO - ESTABILIDADE PROVISÓRIA

Quando o empregado pede demissão, isso significa que partiu dele a iniciativa de extinguir o contrato de trabalho. Mas se ele for maior de 16 e menor de 18 anos uma formalidade deverá ser observada: a assistência dos responsáveis no ato de pagamento das verbas rescisórias. O fundamento está no artigo 439 da CLT, cujo conteúdo é o seguinte: "É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de dezoito anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida".

No caso analisado pela 4ª Turma do TRT mineiro, uma loja de departamentos não se conformava com a sentença, que reconheceu a nulidade do pedido de demissão feito por uma empregada menor de idade. A decisão se baseou no fato de a empregada não ter contado com a assistência dos pais ou responsáveis, nem do Ministério Público do Trabalho. Em sua defesa, a empresa argumentou que o artigo 439 da CLT exige a assistência dos pais ou responsáveis apenas para o ato de pagamento, não abrangendo o ato de demissão, o qual teria sido feito de forma válida pela menor.

Porém, ao apreciar o recurso, a relatora convocada, juíza Adriana Goulart de Sena Orsini, não deu razão à loja. No caso, uma peculiaridade chamou a atenção da magistrada: a menor estava grávida. Ela explicou que o pedido de demissão implicou renúncia à estabilidade constitucionalmente assegurada à empregada gestante e reconheceu o interesse público do caso. Não apenas no que se refere à proteção à mãe trabalhadora, mas também ao bebê (nascituro). Na visão da julgadora, a assistência dos responsáveis legais prevista no artigo 439 deve abranger também o ato de demissão, exatamente como reconhecido na sentença.

Com base em entendimento anterior adotado pela Turma de julgadores, a relatora registrou que a demissão de empregado menor possui tratamento diferenciado, porque a demissão é uma forma de ficar sem o emprego, tão escasso nos dias atuais. A intenção do legislador foi exigir a observância de determinada formalidade como da essência do ato. No caso, a interpretação deve ser sistêmica (pela qual as normas legais são comparadas em seu contexto, buscando alcançar a intenção do legislador), a fim de salvaguardar os interesses do menor. De acordo com a ementa citada no voto, o caso é diferente da dispensa sem justa causa, que despreza a vontade do menor. Na demissão, há a vontade do menor, com sérias consequências em sua vida. Nesse contexto, não há como não considerar obrigatória a assistência do representante legal. No mesmo sentido, uma decisão do TST citada no voto.

Por tudo isso, a Turma julgadora decidiu manter a decisão de 1º Grau quanto à nulidade do pedido de demissão. A reclamante também teve confirmado o direito à indenização substitutiva da estabilidade da gestante, como reconhecido em 1º Grau. O fato de se tratar de contrato de experiência não impediu a condenação, uma vez que atualmente o entendimento do TST é de que "A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea b, do ADCT, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado" (item III da Súmula 244 do TST).
Processo 0000865-12.2013.5.03.0114 RO
Fonte: TRT 3ª Região - Assessoria de Comunicação Social, publicada originalmente em 24/03/2014

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